No passado dia 22 foi anunciado o suicídio do jovem Jamey Rodemeyer. A razão que levou este jovem de 14 anos a cometer este ato de desespero foi o bullying homofóbico. Em Maio deste ano, Jamey partilhou com o mundo, via internet, que era homossexual e que por essa razão, era alvo de bullying na escola. Com este vídeo que publicou online, o jovem tentava que a violência verbal e física de que era alvo pudesse atenuar. No seu vídeo, Jamey deixa a mensagem de que “tudo melhora” e aconselha a que, quem esteja na mesma situação que a sua, procure apoio nos seus amigos e familiares. Foi nestes que Jamey encontrou um grande conforto e sentimento de segurança. Foi também em Lady Gaga que Jamey encontrou a sua inspiração e forças, em particular através da sua canção “born this way”. O jovem era fã da cantora e assumiu a sua mensagem como lema de vida “querido, tu nasceste assim/levanta a cabeça e irás longe). Jamey afirma que basta amar-se a si próprio, e que com o apoio dos amigos e família, irá longe. Afirma várias vezes que “tudo se torna melhor”. (vídeo de Jamey).
Contudo a sua força interior não foi suficiente para combater o ódio que lhe era dirigido e o bullying de que era alvo e, no dia 17 de Setembro – passados 4 meses da sua mensagem esperançosa e otimista – Jamey Rodemeyer colocou fim à sua vida. Lady Gaga, que ficou horrorizada com este suicídio, prestou a sua homenagem a este corajoso jovem, dedicando-lhe uma canção num concerto (vídeo).
Esta semana, Thomas Hammarberg, Comissário para os Direitos Humanos do Conselho da Europa declarou que nas escolas europeias, jovens estão a ser molestadas devido à sua orientação sexual ou identidade de género. O Bullying homofóbico e transfóbico é uma realidade diária, com consequências gravíssimas, nomeadamente o suicídio entre lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros (LGBT). O comissário alerta que é necessário reagir. Refere um estudo desenvolvido no Reino Unido em que 9 em 10 professores do ensino secundário e 2 em 5 do ensino básico testemunharam na escola atos de Bullying homofóbico.
O Comissário aponta que, apesar de a homossexualidade ter sido excluída do DMS (Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais) em 1990, alguns países ainda a encaram dessa forma e, mais grave, a escola incute – através dos seus currículos e manuais escolares – preconceitos e mal-entendidos. Alguns exemplos: apenas no ano passado a República Jugoslava da Macedónia reviu os seus textos que descreviam os homossexuais como “pessoas neuróticas e psicóticas”, com uma vida sexual “anormal e degenerativa”. Na Lituânia, ensinam às crianças que a homossexualidade é uma doença e que relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo, destroem famílias; na Croácia, em 2009, um manual de biologia continha informações “preconceituosas, discriminatórias e degradantes”. Por outro lado, em alguns países procuram sensibilizar @s alun@s para questões sobre homossexualidade e transexualidade. Na Noruega, as escolas de 1º e 2º Ciclo incluíram uma dimensão LGBT nos principais conteúdos programáticos. Na Estónia, o currículo permite uma base de discussão para assuntos LGBT. A própria UNESCO está a desenvolver uma consultadoria internacional sobre o bullying homofóbico em instituições educacionais. Algumas Organizações Não Governamentais desenvolvem campanhas importantíssimas anti-bullying, tal como a britânica “Don’t stand for homophobic bullying’initiative” (vídeo).
O comissário conclui que é urgente rever os currículos escolares e os materiais didáticos em todos os países Conselho Europeu. Esta necessidade havia já sido participada nas Recomendações do Conselho de Ministros, que apelou aos estados membros para “providenciarem aos alunos informações, proteções e apoios necessários que os capacitem de viver de acordo com a sua orientação sexual e identidade de género”.
Para finalizar o seu comentário, o Comissário Thomas Hammarberg declarou que é uma obrigação de todas as escolas protegerem @s seus alun@s de bullying e a ensinar respeito e abertura. Para tal, tod@s @s profissionais escolares necessitam de formação específica sobre anti-discriminação. Ao seu dispor e para ajudar nesta tarefa, têm o “Violence reduction in schools training pack”. Para complementar esta tarefa de proteger as crianças e jovens de Bullying homofóbico, urge sensibilizar os legisladores e a gestão escolar para apoiarem a classe docente para que tenham os meios e recursos para criar um ambiente saudável e inclusivo nas escolas. (artigo na íntegra, aqui)
Deixo ainda uma sugestão partilhada pela Famílias Arco-íris da ILGA, direcionada para professor@s e educador@s, com possíveis formas de abordar questões LGBT em contexto escolar.